A escritora Silvana Salerno compartilha dicas sobre crônicas
Postado em 05 DE junho DE 2021

"Crônica é conversa aparentemente fiada, como dizia Antonio Candido. A crônica trata do cotidiano, do dia a dia, da cidade. Mas pode tratar da política, do esporte, da arte, da cultura. O cronista pode usar qualquer conteúdo na sua crônica, desde que o trate com boa dose de leveza, informalidade, numa conversa com o leitor." Assim, a escritora e jornalista Silvana Salerno caracteriza o gênero, que atrai cada vez mais leitores e autores. Para ela, quem quer escrever crônicas deve ler também contistas e romancistas. "Entre outras coisas, a leitura e a observação fazem o escritor", ressalta.
Silvana irá comandar a Oficina de Escrita Criativa: Crônica, nos dias 8 e 10 de junho, na programação online da BSP (todas as vagas já foram preenchidas), e compartilhou algumas referências de escritores para quem quer aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. Para ela, dos cronistas contemporâneos, as indicações passam por Luis Fernando Verissimo, Ignácio de Loyola Brandão, Fernanda Torres, Ruy Castro, Vanessa Barbara, Claudia Tajes, Antonio Prata, Ana Elisa Ribeiro, Gregorio Duvivier, Ana Laura Nahas e Álvaro Costa e Silva, entre outros. Do século XX, ressalta João do Rio, Cecilia Meireles, Raquel de Queiroz, Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond, Manuel Bandeira e Lima Barreto. Do século XIX, Joaquim Manuel de Macedo e Machado de Assis.
Humor e lirismo
Sobre o humor e o lirismo nas crônicas, Silvana compartilha dicas para evitar eventuais riscos ao usar esses recursos. "Cada redator – seja jornalista, cronista, escritor – tem o seu estilo. Quanto mais verdadeiro e espontâneo o cronista for, melhor. Colocando-se no texto, vai cunhar estilo próprio e fazer uma conexão mais próxima com o leitor", diz. Para a escritora, "o humor na crônica é fundamental; atrai muito, assim como o lirismo. Acontece que o humor muda conforme a época. Muito do que fazia rir meio século atrás não faz rir mais. Ao ler os melhores cronistas dos anos 1960, que fizeram a fama da crônica brasileira, vemos como o humor, e até o lirismo, em alguns casos, estão ultrapassados. Nelson Rodrigues, um dos mais considerados cronistas da época, usa tudo aquilo que não aceitamos hoje para fazer graça: machismo extremado, sarcasmo exacerbado."
Silvana dá exemplo: o machismo, o preconceito e o racismo aparecem em crônicas escritas por homens nos anos 1960-70, como Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e Paulo Mendes Campos. "São sintomas e um retrato de época", aponta. No entanto, o humor, na opinião da autora, requer sutileza: "ele aparece sem esperar, chega como se não chegasse. Fazer o leitor rir, escorado em preconceito racial, social, econômico ou cultural, ficou no passado. Fazer rir em cima dos fracos e sofredores é mais fácil, mas não cola mais." E acrescenta que nenhum excesso é bem visto, seja de ironia, de sátira, de crítica ou de lirismo.
Para quem quer saber mais
Arte-educadora, Silvana estudou na ECA (Escola de Comunicações e Artes) e FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), da USP (Universidade de São Paulo), e trabalhou em jornais e revistas nas décadas de 1970 e 1980. Passa a editar por volta de 1990 e dedica-se à literatura desde 2000. Foi finalista do Jabuti (2015, com a adaptação de "Os miseráveis"), recebeu o Prêmio Figueiredo Pimentel (2007, com "Viagem pelo Brasil em 52 histórias"), diversos Altamente Recomendável, da Fundação Nacional Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), e Cátedra 10, da Unesco (2021). Bastante ativa no Instagram, Silvana faz constantes postagens sobre seu trabalho e cotidiano em https://www.instagram.com/silvanasalernoescritora/.
Quer saber mais sobre crônicas? Confira, a seguir, o bate-papo com Antonio Prata, que participou de edição do programa Segundas Intenções na BSP. E lembre-se: há vários encontros com escritores em nosso canal do YouTube. Isso sem falar nas descobertas que você pode fazer nos acervos físico e digital da biblioteca.
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